terça-feira, 22 de novembro de 2011

NAU DOS CORVOS







A Nau dos Corvos
Cabo Carvoeiro



Ah praias desoladas! Quanto frio
se estende pela areia junto ao mar
por baixo de um dossel de céu sombrio!
Agosto, que memórias me vens dar!

Acaricio as rugas dos penedos
altivos. São padrões de descobertas
onde deixei estrias dos meus dedos.
Berlengas na lonjura, ilhas desertas…

Um corvo sobre a nau, tenor antigo,
ensaia e canta a mesma serenata.
Não pára de cantar, ali cativo,
ao som das ondas com bordões de prata.

Varanda de Pilatos. A verdade
é dura como a pedra e fria arde.


Abel da Cunha

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