segunda-feira, 7 de novembro de 2011

LAMENTO DE LUIS DA BAVIERA











Onde deixaste, amor, o teu primeiro véu
Que vi esvoaçar ao vento a cada passo?
Mesmo teu corpo, que apertava num abraço
Sem tempo, há quanto tempo desapareceu!

O reino que sonhei apenas sonhos deu.
O trono está vazio. No chão, desfeito o laço
E o anel do amor perdido. Ecoa pelo espaço
A longa dissonância que me enlouqueceu.

Onde era luz agora é cor demais impura
E a noite é apagada com estrelas vãs.
Vou levantar mil torres de infinita altura

Num paço de marfim em que tu morarás.
Não tardes, meu amor. Com imortal ternura
Te cingirei rainha. E tu me vencerás.

Abel da Cunha

Sem comentários: