Onde deixaste, amor, o teu primeiro véu
Que vi esvoaçar ao vento a
cada passo?
Mesmo teu corpo, que
apertava num abraço
Sem tempo, há quanto tempo
desapareceu!
O reino que sonhei apenas
sonhos deu.
O trono está vazio. No chão, desfeito o laço
E o anel do amor perdido. Ecoa
pelo espaço
A longa dissonância que me
enlouqueceu.
Onde era luz agora é cor
demais impura
E a noite é apagada com
estrelas vãs.
Vou levantar mil torres de
infinita altura
Num paço de marfim em que
tu morarás.
Não tardes, meu amor. Com imortal
ternura
Te cingirei rainha. E tu
me vencerás.
Abel da Cunha
Abel da Cunha
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