quinta-feira, 23 de julho de 2009

MEIO-DIA




Meio-dia. Doze badaladas
Como doze labaredas dão.
Dão o tempo ao lento coração
Numa dúzia de horas magoadas.

Meio-dia. É meio do verão.
Não há sombras frescas nas estradas
Pela aldeia as casas são fechadas
E nas ruas mora a solidão.

Meio-dia. Rangem os insectos.
Os amantes com os membros lassos
Suspendem o ritmo dos abraços
Na ternura expressa dos afectos.

Meio-dia. O sangue arde nas veias
A sonhar nas ondas das sereias.

Abel Cunha
Foto: Abel Cunha - Flor de cacto