Folha de papel. Um corpo nu e virgem.
Estendido tentador que se oferece
Nas areias brancas. Nela se descrevem
Todas as palavras para ver-lhe a face.
Uma dura esfinge cálida aparece.
É um alto enigma. Mostra a sua imagem.
Cada viandante passa ao lado e tece
O sentido das palavras na viagem.
Folha de papel. Hieróglifos fatais
Desenhados no deserto pelo vento.
As palavras da esfinge ficarão
Pelo tempo repetidas aos mortais.
Quantos pés tens tu movendo o pensamento ?
Serão quatro ou dois ou três ? Quantos serão ?
Abel da Cunha
Cuadrúpedo en la aurora, alto en el día,
Y con tres pies errando por el vano
Ámbito de la tarde, así veía
La eterna esfinge a su inconstante hermano
El hombre, ...
Jorge Luis Borges
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