Era a fonte. Água fresca recaindo
na memória. Velho cântaro de sonhos.
Eram sombras. Nuvens térreas das árvores
com videiras enlaçadas nos seus troncos.
um ioiô dançando preso nos meus dedos
um pião rodopiando no terreiro
um barquinho de papel regando a tarde.
aprendendo a andar com frágil equilíbrio
e a dizer palavras e a comer o pão!
diz-me se me vês partir ou vês chegar
que mal posso olhar por trás desta saudade!
Resposta de Ricardo de Saavedra
Lamento só hoje te agradecer
o saboroso soneto pendurado
em adivinhadas rimas que ondeiam
ao ritmo verde de saudosas brisas
demorei primeiro na fonte a adivinhar
as marfínicas mãos que enlaçavamo cântaro dos desejos e dos sonhos
e a sombra dos seios e a boca arder de beijos
depois segui a água das palavras
sem pressa nem vontade de entendero percurso em que de amores se perdem
casas onde entro de antigamente
pé ante pé sem gente dentrodeixam-me sempre assim lento muito lento
Ricardo
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