sábado, 29 de outubro de 2011

BONECA DE BAZAR















Boneca de bazar vais presunçosa,
tão confiada no perfume posto!
Passando água e tempo pelo rosto
as maçãs perdem sua cor viçosa.

Com raros cremes caros tu sustentas
uma beleza nítida de espelho
(até no espelho vês de vidro velho)
onde retocas o perfil e a tez.

E como tu observas em silêncio
essa nudez fictícia, o teu jeito
no ajeitar do peito alteado!

Cobre-te pouca roupa o torso tenso
que dia a dia vai ganhando o efeito
de um corpo vivo quase embalsamado.

Abel da Cunha

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