quinta-feira, 18 de outubro de 2012

AMÁLIA







 
 
 
 
 
 

Amália
Lisboa, 1920-1999
 
 
no barco negro em que vogaste
pela fímbria do mar da tua voz
abriste uma vela e desfraldaste
a saudade toda que há em nós.
 
deste-nos, em fado, essa tristeza
feita só de sombras e ternura,
onde morava o espinho da incerteza,
cravado na seda da amargura.
 
de olhos fechados foi que procuraste
o acorde final, aquele que não mente,
por ser essência eterna da canção.
 
uma guitarra ferida nos deixaste
companheira dessa voz gemente,
xaile do teu rebelde coração.
 
 
Adalberto Alves
in No Vértice da Noite


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