quinta-feira, 12 de julho de 2012

À CIÊNCIA






Edgar Allan Poe
(Boston 1809-Baltimore 1849)


Ciência, ó filha do Tempo Velho!
Que, de olhos coruscantes, tudo espreitas,
Porque rasgas ao poeta o amplo peito,
Abutre de asa rude que se engelha?

Como te pode amar, crer-te avisada,
Que o não deixaste andar, errante, ao vento,
Buscando as jóias que há no firmamento
Ainda que o singrasse de asa ousada?

Diana escorraçaste da quadriga,
Do bosque a Hamadríade (fugindo
Ela a abrigar-se em estrela mais amiga),

À Náiade tiraste a onda cava,
Ao elfo o prado, e a mim o tamarindo
Em cuja sombra eu no Verão sonhava.

EDGAR ALLAN POE
in The Raven and Other Poems
Tradução: Margarida Vale de Gato

Sem comentários: