Rembrandt
A Lição de Anatomia do Dr. Tulp
(1632)
Sonhei um poema por analogia
bem explicado onde coubesse tudo.
Media os pés e definia o modo
de ver a natureza onde me via.
Com duros diamantes escrevia
firmando traços, removendo o estorvo;
das pedras frias retirava o fogo
tocando lira enquanto o mundo ardia.
Num claro escuro o outro eu e mais
lançavam entre si olhares mortais
sobre o real numa comédia d'arte.
Só não se viam pombas nas alturas
que o seu domínio é das ideias puras
e a sua claridade é sem contraste.
Abel da Cunha
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