Afonso Quinto, o rei dito Africano,
perdeu em Toro a nobre sucessão
do trono de Castela. E desde então
foi renascendo o sonho franciscano.
Não pretendia já um reino humano
de falso amor, ganância, vil traição.De paz e bem se fez o coração
que sempre em guerra tinha o soberano.
Não desejava vénias clericais
mas hábitos honestos usuaisvivendo mais perfeita a lei divina.
Em Varatojo, ouvia no silêncio
os velhos moinhos a cantar ao ventoe um rumor puro de água cristalina.
2 comentários:
África o glorificou, a vaidade o crucificou! O sua "estrada de Santiago" foi o caminho de Lisboa às Gálias, quando havia de ser de Lisboa a Roma... estaria aí a chave do seu reinar futuro. Assim, cansado e desiludido, entregou o leme ao Príncipe Perfeito que retificou o rumo da Nação para os caminhos do Mar. Como corolário para esta sua saga restou-lhe o castigo do céu que sobre si e o Reino lançou a peste e o desprezo dos homens. E nem os ares de Varatojo, onde se refugiou, lhe trouxeram de vez o sossego à alma. É que (quem sabe?) Varatojo ficava um pouco para lá de Alfarrobeira e bastante aquém de Toro...
Frassino Machado
Um bom comentário de Frassino ao perfil histórico do Africano... No aspeto literário, considero o soneto bem conseguido, com exemplar apuro métrico e musical.
Cláudio Lima
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