A rua tinha um nome que mostrava
a sua identidade. No granito
da placa havia letras de infinito
num tom azul que só o tempo grava.
O velho cego ainda lá estava
tocando acordeão. Naquele sítio
podia ouvir-se o fado num registo
que de tão triste quase magoava.
Deitei moedas de ouro no chapéu
do pobre. Então atravessei a vau
a rua como um rio de água dura.
Bati à porta mas ninguém abriu.
Apenas o silêncio me sorriu
sem revelar a sua formosura.
Abel da Cunha
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