Era em Dezembro. A tangerineira
Corava já a fruta em verde taça.
Era em Dezembro. Como o tempo passa!
Quase ninguém se vê à minha beira.
Não era alta. Da sua copa larga
Caía a sombra amena no verão.
Todos em roda. Abria-se o melão
Com faca fina sobre uma toalha.
Miragem de saudade! Havia danças…
Armava-se um baloiço... E que alegria
O riso prateado das crianças!
Curvou-se ao pé do muro degastada.
Não deu mais fruto. A sombra lhe fugia…
Foi nesse inverno lume cinza e nada.
Abel da Cunha
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