sábado, 8 de setembro de 2012

ARROZ DE CABIDELA


                                
                                  À prima Migui Vilas-Boas
 
Priminha, graças pelo seu convite
e pela honra de um lugar à mesa.
Nem é preciso fome: o apetite
é despertado pela gentileza.
 
Que dia intenso de calor insano
capaz de tirar tino ao Tolentino!
Atravessei a urbe sem engano
até à Beira. Era um menino
 
arrependido de não ter ficado
aí para um arroz de cabidela.
Mas, tendo ao pé licor tão delicado,
longe da Rosa, que farei sem ela?!
 
Mande um sinal de novo, um só sorriso,
que é muito fácil ir onde é preciso.
 
 
Abel da Cunha
Guimarães, 6 de Setembro de 2012

1 comentário:

Frassino Machado disse...

Ficar de "água na boca" por um simples convite para jantar... sem se saber qual o conteúdo do repasto: é obra! Até um galo cantaria quando soubesse que se tinha livrado do famigerado patíbulo! É que a cicerone parece não gostar de arroz de cabidela à la gardaire. Restaria, quem sabe, o polvo à lagareiro com molho de alho pôrro desviado. Pelo calor da altura, nem saímos de casa... só depois do jantar (para passear o cão do rebelde Infante, distinto lutador lá para os lados de São Mamede!) para arrefecer os costados humedecidos. Enfim, apesar de tudo, ainda vale a pena ter um naco de esperança para as próximas lides. Bom soneto shakespeareano... a pedir outra vindima! Abraço cordial do mano Frassino