sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A UMA FITEIRA













Cordyline australi


Se pudesse amainava a ventania
que rasga as folhas largas da fiteira.
Plantada junto ao muro resistia
   sem se vergar ao tempo altaneira.

   Árvore mãe de todos os cansaços!
   No tronco aberto, velho e carcomido,
   guarda alviões, sacholas e engaços,
   e utensílios que não têm servido.

   Não morrerá talvez. Já tem rebentos
   ao derredor com fitas renascidas.
   Crianças dançam nos seus dias lentos
   e brincam com a água destemidas.

   Ao sol do meio-dia voam pombas
   pousando sobre a terra leves sombras.


   Abel da Cunha

1 comentário:

Frassino Machado disse...

Belo poema de jeito personalizado e naturalista - à boa maneira de Brandão e Pascoaes - em que a "alma das coisas" se destaca.
POETA VIMARANENSE - Frassino Machado